Águas residuais analisadas por robô submarino

12.º Ano BIOLOGIA - V. Preservar e Recuperar o Meio Ambiente

Águas residuais analisadas por robô submarino
Helena Simão



Amonitorização às descargas das águas residuais no mar, na Zona Oeste, vai contar, dentro de um mês, com um auxiliar precioso. Tem 1,5 metros de comprimento e apenas 20 centímetros de diâmetro, mas graças ao computador portátil que transporta pode recolher informação importante para o trabalho desenvolvido pela Águas do Oeste. A empresa, que gere o sistema multimunicipal de abastecimento de água e saneamento de 14 concelhos, já testou o MARES (Modular Autonomous Robot for Environment Sampling), um veículo submarino autónomo, e os resultados são muito positivos.

O projecto, que resulta de uma parceria com Instituto Superior Técnico, Instituto de Investigação das Pescas e do Mar e Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), "representa uma mais-valia ao nível da eficiência na recolha de dados ambientais", explica a investigadora da FEUP Patrícia Ramos, um dos elementos da equipa que concebeu e desenvolveu o robô.

A amostragem clássica é obtida com recurso a uma embarcação, que tem de efectuar análises a várias profundidades. Com os resultados obtidos, a Águas do Oeste recorre a "um modelo virtual, que simula a distribuição da pluma poluente no mar, cujo comportamento varia em função da concentração da descarga, dos ventos, correntes e das marés", refere a empresa.

Com o MARES, o processo é simplificado, tornando-se menos oneroso. "O veículo é lançado à água com um percurso pré-definido, recolhendo uma quantidade assinalável de informação por segundo sobre os inúmeros parâmetros que se pretende analisar", sublinha Patrícia Ramos, lembrando que, desta forma, "os investigadores têm uma percepção do que se passa no mar muito pormenorizada e conclusiva".

Para além de monitorizar as descargas, o MARES "pode vir a ser utilizado para inspecção das condições da tubagem, que transporta os efluentes para o mar a determinada distância da costa, com recurso a câmaras. Pode servir para retirar parâmetros de um estuário ou proceder a uma inspecção arqueológica, por exemplo", esclarece a responsável. Para já, e depois de ter sido sujeito a testes no mar, no final do ano passado, o robô terá como missão mostrar o que se passa com o emissário submarino da Foz do Arelho (Caldas da Rainha), que tem dois quilómetros de comprimento. Mas o objectivo é utilizá-lo noutros emissários.

O MARES foi concebido propositadamente para a empresa Águas do Oeste e demorou cerca de três anos a ser construído. Possui uma capacidade de autonomia de dez horas ou 40 quilómetros e pode deslocar-se até aos cem metros de profundidade. "Vai ser uma grande ferramenta para os resultados do plano dos emissários submarinos, na área da qualidade e monitorização", refere a empresa, adiantando que "a primeira campanha decorrerá previsivelmente na Primavera".

Águas do Oeste prevê investir, ao longo de 30 anos, cerca de 220 milhões de euros para construir ou remodelar 274 quilómetros de condutas, 511 quilómetros de interceptores e 51 estações de tratamento de águas residuais, abrangendo um total de 670 mil habitantes. O sistema desenvolve-se em duas fases saneamento das bacias hidrográficas da Lagoa de Óbidos e da Baía de S. Martinho do Porto, primeiro, e do restante território, depois.


Jornal de Notícias
12.03.2008

Quarta Mar 12, 2008 14:59 / netxplica.com

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