Rede de muito alta tensão

12.º Ano BIOLOGIA - V. Preservar e Recuperar o Meio Ambiente

Prevista para Amadora, Cascais e Sintra
PCP e BE querem que ministros do Ambiente e Economia expliquem rede de muito alta tensão
24.07.2006 - 16h56 Lusa

DR (arquivo)

A tutela diz que não deverá pedir à REN a passagem subterrânea das linhas

O PCP e o Bloco de Esquerda (BE) querem explicações do Governo sobre eventuais soluções alternativas à rede de muito alta tensão projectada para os concelhos de Amadora, Cascais e Sintra.

O PCP vai pedir que o ministro da Economia vá à Comissão Parlamentar de Ambiente explicar o processo, enquanto o BE vai pedir a presença do ministro do Ambiente naquele órgão.

"Vamos questionar o ministro [da Economia] sobre as alternativas exigidas à REN [Rede Eléctrica Nacional] e a forma como o estudo de impacte ambiental não reflecte essas alternativas", disse o deputado comunista Miguel Tiago, que hoje visitou a Encosta de São Marcos e Colaride, no concelho de Sintra, onde serão instalados postes de alta tensão.

A linha de 220 Kv, projectada pela REN para ligar a subestação do Alto da Mira, na Amadora, à subestação de Trajouce, no concelho de Cascais, vai afectar sobretudo o concelho de Sintra, onde serão instalados 27 dos 30 postes previstos e os cabos passarão, em alguns casos, a 25 metros de habitações.

Miguel Tiago considera que "o Instituto do Ambiente aprovou um estudo de impacto ambiental que deixa muitas dúvidas".

"Há fortes desconfianças de que esta solução foi adoptada porque é a mais barata e que o estudo de impacte ambiental se adaptou a essa solução".

O deputado apontou a passagem subterrânea da linha como uma das várias alternativas que devem ser apresentadas pela REN.

Para Miguel Tiago, o "défice de discussão pública [sobre o projecto] fez com que a decisão tenha caído em cima das populações à revelia do contributo que poderiam ter dado".

O deputado do Bloco de Esquerda (BE) na Assembleia Municipal de Sintra, André Beja, que também visitou hoje algumas das localidades afectadas pela passagem da linha, revelou que o grupo parlamentar desta força política vai pedir a presença do ministro do Ambiente na Comissão Parlamentar de Ambiente.

"Este projecto tem uma série de problemas técnicos com impactes ambientais e na qualidade de vida das pessoas", afirmou. Segundo André Beja, "é altura de o Governo voltar atrás e equacionar alternativas, nomeadamente a passagem subterrânea da linha".

O estudo de impacte ambiental refere que a presença da linha de muito alta tensão (220 Kv) projectada pela Rede Eléctrica Nacional implica a "redução da qualidade de vida das populações".

Segundo o estudo de impacte ambiental, no concelho de Sintra a distância prevista entre as linhas e habitações é de 25 metros no Bairro da Ligeira e no Papel, enquanto no Cacém será de 50 metros, no Bairro da Chutaria de 60 metros, no Bairro do João da Nora de 75 metros e na Serra do Casal de Cambra de 100 metros.

Os postes de alta tensão terão entre 31 metros (o mais baixo) e 75 metros (o mais alto), medindo a maioria das torres cerca de 50 metros.

Associações de moradores do concelho e ambientalistas constituíram um movimento cívico para exigir a passagem subterrânea das linhas, argumentando que a infra-estrutura representa riscos para a saúde, além de implicar a desvalorização das habitações e ter um impacto negativo na paisagem.

O secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, emitiu em Março a declaração de impacte ambiental do projecto, condicionada, entre outras medidas, à não colocação de postes na área arqueológica de Alto de Colaride e à compatibilização da infra-estrutura com a construção das circulares nascentes e poentes ao Cacém.

Contactada pela Lusa, fonte oficial do Ministério do Ambiente, adiantou que "não se coloca a questão de revogar essa declaração de impacte ambiental", pelo que a tutela não deverá pedir à REN a passagem subterrânea das linhas, como defende o movimento cívico.

Linha de muito alta tensão passará junto de casas no concelho Sintra

Segunda Jul 24, 2006 20:43 / netxplica.com

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