Cidades reflectoras contra aquecimento global

12.º Ano BIOLOGIA - V. Preservar e Recuperar o Meio Ambiente

Cientistas sugerem cidades reflectoras contra aquecimento global



Cientistas lançaram a ideia de transformar as cidades em gigantescos reflectores da luz solar para ajudar a enfrentar o aquecimento global, mas a sugestão enfrenta o cepticismo de alguns académicos.A substituição do material usado em telhados e rodovias por outros de cor branca ou tonalidades mais claras produziria um benefício refrescante que, ao longo de 50 anos, seria equivalente a uma redução das emissões de 25 a 150 mil milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), principal gás causador do efeito de estufa, responsabilizado pelo aquecimento global, afirmaram cientistas reunidos no Canadá.

Este valor corresponde às emissões de todos os carros do mundo neste período, segundo um estudo publicado no Environmental Research Letters, do Instituto de Física do Reino Unido.

Materiais de cores claras ajudam a reflectir os raios solares ao invés de absorvê-los e transformá-los em calor, um fenómeno conhecido no meio científico como albedo.

Estradas e telhados correspondem a mais de 60% das superfícies urbanas e, ao aprisionar a energia solar, são amplamente responsabilizados por gerar «ilhas de calor», locais onde as cidades se tornam verdadeiros fornos.

As ilhas de calor urbanas também representam um aumento do consumo de energia com refrigeração de ambientes e acarretam custos sanitários por causa do «smog», fenómeno provocado pela reacção química entre a poluição e a luz do sol.

Para que as suas sugestões possam ser apropriadas, os custos dos materiais reflectores não devem ser proibitivos e as superfícies pavimentadas precisam de ser reformadas de tempos em tempos, argumentaram os cientistas.

Para o consultor climático francês, Jean-Marc Jancovici, no entanto, as propostas só têm efeito local.

«Se se reduzir significativamente a temperatura em áreas locais, por exemplo, pintando os telhados de branco, isto não garante que um declínio das temperaturas em áreas remotas», argumentou.

Alfredo Stein, do Centro Global de Pesquisas Urbanas (Global Urban Research Centre em inglês), vinculado à Universidade de Manchester, no Reino Unido, também previu dificuldades práticas, particularmente nas áreas de favelas, que tendem a uma expansão.

A medida «pede uma adesão muito forte daqueles que vendem telhados», declarou, considerando especialmente que cerca de 70% das casas em todo o mundo são construídas pelos próprios donos.

A preferência das pessoas por materiais para usar no telhado é amplamente determinada pelo custo e a disponibilidade, argumentou Stein.

Numa pesquisa de 2009 sobre as chamadas opções de geo-engenharia para enfrentar o aquecimento global, a British Royal Society, academia de ciências britânica, avaliou negativamente os telhados brancos.

Segundo a instituição, os benefícios seriam locais em países quentes. Apenas 0,05% a 1% da superfície do planeta seria coberta, o que representaria uma falta de eficácia em escala global, acrescentou.

E o seu custo seria estimado em «cerca de 300 mil milhões de dólares ao ano, fazendo deste um dos métodos menos eficientes e mais caros» para enfrentar o aquecimento global.


Diário Digital
16.04.2012

Terça Apr 17, 2012 12:40 / netxplica.com

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