Esgotos poderão ser o novo combustível do futuro

12.º Ano BIOLOGIA - V. Preservar e Recuperar o Meio Ambiente

Esgotos poderão ser o novo combustível do futuro



Na ânsia desenfreada por substituir o petróleo, temos visto carros movidos por óleo alimentar, ar comprimido e agora, esgotos.

As pesquisas estão a ser conduzidas na Universidade da Califórnia e o homem por trás disso apresentou uma solução inteligente e ao mesmo tempo inacreditável, além de viável e pura, e que por tabela, ajuda a resolver o problema da infra-estrutura necessária para fazer do hidrogénio uma alternativa viável e acessível.

O resultado é a produção local, limpa e extremamente eficiente, que reduz a dependência do caro e esgotável petróleo.

O projecto é liderado por Jack Brouwer, apelidado pelos colegas de Jack Bauer (personagem da série «24 horas» protagonizada por Kiefer Sutherland), um californiano que a exemplo de Kiefer, parece também estar a salvar o mundo.

Ele e a sua equipa da National Fuel Cell Research Center (Centro Nacional de Pesquisas com Célula do Combustível) na Universidade da Califórnia, têm mostrado formas de se produzir hidrogénio de forma sustentável o suficiente para mover carros a partir de esgoto, construindo o primeiro equipamento de demonstração na estação de tratamento de esgotos de Orange County.

O efluente do afluente produz o material ideal para o novo e revolucionário processo. Tudo o que vai pelo esgoto, desde dejectos humanos, até aos restos escoados pelo lava-loiça é colocado em biodigestores, onde bactérias são introduzidas para a quebra dos resíduos sólidos.

Nesse processo é produzido gás metano e dióxido de carbono.
O metano é um gás omnipresente nas sociedades. Nasce sozinho nas tubulações, cemitérios e lixeiras e é largamente utilizado em aplicações industriais.

Em vários países é utilizado para alimentar aquecedores e em alguns casos, como Paris, é o combustível da maioria dos fogões a gás da cidade. Em alguns lugares há pequenas células de combustível a hidrogénio produzido a partir do gás metano para produção de electricidade.

Mas o que faz o sistema de Orange County ser diferente é que Jack e a sua equipa estão a desenvolver um sistema triplo que gera calor, electricidade e hidrogénio. E pela primeira vez no mundo, a partir de um biodigestor. Há outras novidades interessantes nesse sistema, como facto de utilizar uma célula de combustível de alta temperatura pela primeira vez e gerar hidrogénio de forma muito eficiente.
Uma vez livre das impurezas, o gás do biodigestor é inserido numa célula gigante, onde é dividido e transforma-se em dióxido de carbono, água e hidrogénio. O CO2 é libertado, mas não se trata de «carbono novo», como o emitido pelos motores movidos a combustível fóssil.

Este vem de um ciclo absorvido pela vegetação, no caso de Orange County, pelo pasto comido pelas vacas.

Mas o importante é o hidrogénio. A célula de combustível é abastecida com mais do que esta pode comportar, fazendo-a produzir electricidade de forma mais intensa e eficiente. Também produz calor, que pode ser utilizado nos biodigestores para acelerar o processo. O excesso de hidrogénio é canalizado para um posto externo na estrada, onde os moradores de Orange County podem abastecer os seus Cadillacs protótipos convertidos para célula de combustível.

Brouwer reconhece que se cada estação de esgoto dos Estados Unidos contasse com o seu gerador triplo de célula de combustível, poderiam suprir 10% de todo o hidrogénio necessário para fazer a frota americana andar. Esta seria a maior contribuição e o sistema estaria comercialmente viável em apenas dois anos.

A empresa Air Products, que ajudou na implantação do protótipo, já considera a construção de um semelhante em Inglaterra.

A contribuição do sistema torna-se ainda mais relevante em função das três utilidades da ideia, que parte dos biogases, normalmente produzidos em explorações distantes através de outros processos. O mais importante é que a produção é local, não necessita de condutas nem de custosos transportes rodoviários ou ferroviários, reduzindo muito o custo da operação, impactos ambientais e facilitando a vida de quem quer fazer uma viagem longa com um carro a hidrogénio, afinal, seja aonde for, a matéria prima é encontrada facilmente.

Cinco fabricantes automóveis – Toyota, Honda, Nissan, Hyundai/Kia e GM – planeiam ter carros a célula de combustível comercialmente viáveis em 2015.

O problema da infra-estrutura de reabastecimento não deverá ser tão grave, já que pesquisas apontam que nos Estados Unidos seriam necessários 11.700 pontos de reabastecimento para servir um milhão de carros a hidrogénio ao custo de 10/15 mil milhões de dólares para serem construídos. Brouwer fala em 30 mil milhões de dólares para os EUA, mas se isso reduzir a dependência das importações de petróleo, o valor será ínfimo.


Diário Digital
10.04.2012

Terça Apr 10, 2012 23:06 / netxplica.com

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