Excessos de emissões compensados no Bangladesh

12.º Ano BIOLOGIA - V. Preservar e Recuperar o Meio Ambiente

Excessos de emissões compensados no Bangladesh
13.06.2010 - DN.PT | RITA CARVALHO



A comissária europeia da Acção Climática foi a Dhaka, capital do Bangladesh, conhecer o investimento feito pelo Governo dinamarquês em 20 fábricas de tijolos, um projecto ambiental que vai corrigir as mais de 40 mil toneladas de CO2 que foram produzidas durante o encontro sobre alterações climáticas.

Os estragos ambientais provocados pela última cimeira do clima que decorreu em Dezembro em Copenhaga estão a ser compensados nas fábricas de tijolo do Bangladesh. Curiosamente, é num dos países mais pobres do mundo, e onde as alterações climáticas ameaçam já a sobrevivência de milhões de pessoas, que os excessos cometidos pelos poderosos que viajaram de jacto particular, e lançaram na atmosfera mais de 40 mil toneladas de CO2, estão a ser corrigidos.

Na Diamond Auto-Bricks Limited, nos arredores da capital Dhaka, uma das cidades mais poluidoras do mundo, as chaminés da fábrica já não são uma fonte de CO2 tão prejudicial como no passado. O processo de produção de tijolos foi requalificado e a tecnologia agora é menos poluente e mais eficiente. O carvão consumido como combustível nos fornos desceu para metade, os custos de produção diminuíram e as condições de trabalho dos funcionários foram melhoradas. No final, os tijolos produzidos são mais fortes e todo o impacto ambiental da sua produção é substancialmente menor.

"Por cada 30 milhões de tijolos produzidos anualmente são reduzidas mais de onze mil toneladas de emissões de CO2", explicou ao DN Zaydul Abedin, director-geral da fábrica que, na semana passada, recebeu a visita da comissária europeia da Acção Climática. Connie Hedegaard foi a Dhaka conhecer o investimento feito pelo Governo dinamarquês em 20 fábricas de tijolos como esta existentes no Bangladesh e que permitiu transformar a cimeira de Copenhaga num evento de emissões zero. Ou seja, um projecto que vai corrigir as mais de 40 mil toneladas de CO2 que foram produzidas durante o encontro internacional.

A dinamarquesa que agora ocupa a pasta da Acção Climática na Comissão Europeia foi, em Dezembro, a responsável pela COP 15, a cimeira que muitos consideraram um enorme fracasso, por dela não ter saído um acordo mundial para travar o aquecimento global. Manobras políticas à parte, a comissária prefere sublinhar os frutos da colaboração entre os países mais desenvolvidos e os que estão em vias de desenvolvimento e a importância da transferência de conhecimentos e tecnologias para a redução mundial dos gases com efeito de estufa.

Num país onde a maior indústria é a da produção de tijolos, com mais de oito mil fábricas a queimar carvão e a enviar toneladas e toneladas de gases poluentes para a atmosfera, a União Europeia acredita que as boas práticas podem e devem ser replicadas.

Esta indústria essencial na economia do Bangladesh está a crescer 5% todos os anos, embora seja sazonal, porque as inundações anuais que ocorrem no país deixam centenas de fábricas debaixo de água durante vários meses. Nesta unidade fabril, as condições de trabalho também foram melhoradas, acrescenta Zaydul Abedin. Agora os trabalhadores usam luvas, máscaras que protegem a sua saúde da agressão dos poluentes atmosféricos e têm cuidados médicos semanais. A mecanização do processo produtivo garante também menos esforço do que o trabalho manual anteriormente desempenhado, na maioria dos casos, por mulheres.

Domingo Jun 13, 2010 14:00 / netxplica.com

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