Compostagem: transformar resíduos em fertilizante orgânico

12.º Ano BIOLOGIA - V. Preservar e Recuperar o Meio Ambiente

Transformar resíduos em fertilizante orgânico
Famílias de S. João da Madeira voluntariam-se para testar compostagem caseira
25.04.2009 - 09h25 Lusa


Diversas famílias de S. João da Madeira começaram ontem a testar nos seus jardins um processo de compostagem que permite transformar resíduos domésticos em fertilizante orgânico.

Trata-se de um projecto-piloto no âmbito da Agenda 21 Local de S. João da Madeira e, para concretizá-lo, a autarquia ofereceu um compostor às primeiras 25 famílias que se voluntariaram para testar o procedimento em suas casas.

Técnicos especializados vão acompanhar o uso desse compostor e avaliar os resultados do processo biológico que, por influência de mircro-organismos, se desenvolve no seu interior: a transformação de restos de comida e outros materiais numa substância orgânica de características fertilizantes.

Esse composto é eficaz a vários níveis: melhora a textura da terra, retém a humidade e o ar, combate a erosão, evita doença nas plantas e reduz a necessidade de herbicidas e pesticidas, além de diminuir a quantidade de resíduos a encaminhar para aterro.

Esse é, aliás, um dos aspectos mais importantes do projecto para o vereador Paulo Cavaleiro, que coordena a Agenda 21 Local em S. João da Madeira.

"Um dos problemas que temos no município é que ainda produzimos muitos resíduos", afirma o autarca. "Temos vindo a aumentar as quotas de reciclagem todos os anos mas ainda estamos muito longe das metas que temos que atingir para ter um desenvolvimento sustentável".

"Se as pessoas que fazem reciclagem também passarem a fazer compostagem", continua o vereador, "aí serão realmente muito poucos os resíduos".

Às famílias que receberam hoje os compostores foram dadas instruções sobre o seu funcionamento e o tipo de resíduos que pode acomodar: os "verdes", que, ricos em azoto e geralmente húmidos, incluem massa, arroz, cereais, pão, chá, café, vegetais, aparas de relva, plantas sem doença e cascas de ovos; e os resíduos "castanhos", que, à base de carbono e mais secos, abrangem ramos, arbustos, agulhas de pinheiro, palha, aparas de madeira e serradura.

Ambas as categorias devem ser utilizadas em proporção e dispostas no compostor de forma alternada com ramos, terra e borrifos de água, para evitar a compactação e o arejamento excessivo.

A deposição deve terminar-se sempre com resíduos castanhos, para evitar odores e insectos, e, em condições atmosféricas favoráveis, o primeiro composto deverá estar pronto ao fim de três meses, quando evidenciar uma composição estável semelhante à da terra, uniforme, escura e sem cheiro.

Agostinho Almeida já estava habituado a produzir fertilizantes orgânicos mas tinha que ir para matas afastadas de casa fazer as "pilhas" - como chama ao preparado de folhas e estrumes a que se refere - e candidatou-se ao compostor da Câmara Municipal para ver a tarefa facilitada.

Reciclagem não faz muita - "só separo o papel", confessa - mas para o seu novo fertilizante caseiro não lhe falta destino: "Tenho uns 450 metros quadrados de terreno, com horta e jardim, e é lá que vou usar o composto. Tenho flores, espinafres, batatas, hortaliças... Acho que vai correr bem".

O projecto da compostagem doméstica da Câmara Municipal de S. João da Madeira tem carácter experimental. Será monitorizado durante um ano, podendo prolongar-se de acordo com essa avaliação.

Sábado Apr 25, 2009 12:35 / netxplica.com

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