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Células estaminais dão nova esperança


11.º Ano BIOLOGIA - VI. Crescimento e Renovação Celular

Células estaminais dão nova esperança
18.04.2009 - EXPRESSO.PT | Claudia Kalb / Exclusivo Expresso/Newsweek / Tradução de Aida Macedo

A ansiedade é grande, com o início, neste Verão, do primeiro ensaio clínico de terapia com células estaminais embrionárias. O objectivo é pôr de novo a andar pessoas com lesões na espinal medula.

Getty

A empresa Geron está a negociar com oito centros de neurotraumatologia para realizar ensaios com humanos


Seis semanas antes do alarido relativamente ao decreto presidencial de Barack Obama que elimina as restrições à investigação com células estaminais embrionárias, Hans Keirstead, cientista da Universidade da Califórnia, já festejava com champanhe. Em 2005, Keirstead tinha publicado um estudo mostrando que uma terapia derivada de células estaminais do embrião humano podia pôr a andar ratos parcialmente paralisados. Agora chegava-lhe a notícia de que a Food and Drug Administration (FDA, o organismo supervisor dos sectores alimentar e médico) tinha autorizado a Geron, uma pequena empresa de biotecnologia da Califórnia, a lançar o primeiro ensaio clínico para o tratamento de seres humanos com lesões da espinal-medula.

Era uma notícia fabulosa, não apenas para Keirstead, que desde os 11 anos sonhava inventar uma terapia para as enfermidades do cérebro e da espinal-medula, mas também para os cientistas que acreditam que as células estaminais do embrião humano lhes podem ensinar algo sobre doenças complexas e possivelmente levar à sua cura.

Opiniões sobre o estatuto moral de um embrião não mudam com um decreto presidencial ou com as decisões da FDA, portanto podemos ter a certeza de que a discussão sobre a investigação com células estaminais embrionárias está longe de ter terminado.

Durante anos, os investigadores sentiram-se bloqueados pelas limitações impostas pelo Presidente George W. Bush, que só permitia financiamento federal para investigação em 21 linhas de células estaminais embrionárias que já existiam. Os cientistas que queriam dedicar-se a novas células tiveram de procurar financiamento privado. Entretanto, a Geron tinha o seu próprio dinheiro e foi avançando.

Neste Verão, a empresa planeia contratar o primeiro de um máximo de 10 doentes para um ensaio clínico a que toda a gente - clínicos, cientistas, biotecnólogos, doentes, defensores da ética - vai estar atenta. Há muito entusiasmo entre as pessoas com lesões na espinal-medula e nos seus médicos, que de momento poucas esperanças podem dar de melhorias significativas. Mas alguns cientistas estão preocupados com o facto de a investigação poder não estar preparada para responder ao que se espera dela.

Uma coisa é certa: mesmo que tudo corra na perfeição na primeira fase do ensaio no que respeita à segurança, ninguém com uma lesão da espinal-medula vai ficar curado nos próximos tempos. Peter Kiernan, presidente da Christopher and Dana Reeve Foundation, diz que está constantemente a procurar um equilíbrio entre a esperança e o exagero. "Sinto-me como se fosse num carro a virar o volante e a travar ao mesmo tempo."

Desde o início, a prática da Geron foi acelerar. É afinal uma empresa (150 milhões de euros no banco) cujo objectivo primeiro - para os doentes e, claro, para os accionistas - é de colocar um tratamento no mercado. Em 2001 financiou a pesquisa de Keirstead, que testou em ratos com uma lesão parcial da espinal-medula uma terapia manufacturada a partir de células estaminais do embrião humano (de uma linha de células aprovada por Bush), chamadas células progenitoras oligodendrócitas. Quando as células foram injectadas na zona afectada, restauraram o isolamento da espinal-medula, que conduz os impulsos nervosos do cérebro para o resto do corpo, permitindo o movimento.

No estudo de Keirstead, os ratos que tinham lesões contraídas há dez meses não melhoraram, porque se tinha desenvolvido demasiada cicatrização. Mas o resultado foi espectacular em animais cujas lesões tinham ocorrido apenas sete dias antes. Dois meses depois do tratamento, os ratos que tinham perdido o controlo dos músculos do tronco, da cauda e das patas traseiras (podiam mexer-se mas não muito) conseguiam andar.

Óptimo para quem é rato
Agora a empresa tinha de descobrir a forma de transpor as células para os seres humanos. Gastou anos a criar a célula progenitora oligodendrócita óptima, depois concentrou-se na produção de um grupo de células idênticas sob um apertado controlo de qualidade - um processo que se torna muito mais difícil numa célula viva do que num comprimido. Concebeu mesmo um mecanismo controlado por computador para posicionar a seringa e controlar a injecção, de forma a assegurar que o número exacto de células ia para o local certo. Quando a Geron apresentou o processo à FDA no ano passado, já tinha 22.500 páginas de documentação. Contagem total: 24 estudos, 1977 roedores, 34 milhões de dólares.

Agora, a Geron está a negociar com oito centros de neurotraumatologia para realizar ensaios com humanos. Vai recrutar pessoas que tenham lesões da coluna na região torácica ou média - paraplégicos que estejam paralisados do tórax para baixo. Como as lesões têm de ser recentes (menos de 14 dias), os pacientes que a Geron quer começar a recrutar este Verão são na verdade pessoas hoje saudáveis e sem lesões. Mas isso não travou o interesse entre pessoas já paralisadas. Quando a aprovação da FDA foi anunciada em Janeiro, o sistema de correio electrónico da Geron foi abaixo com o excesso de e-mails.

Não é difícil perceber como este ensaio é importante. Toda a gente com quem se fala na comunidade ligada à espinal-medula se preocupa com o facto de haver doentes que viajam para o estrangeiro para se submeterem a perigosas e duvidosas terapias celulares, desembolsando dezenas de milhares de euros, e rezar por um milagre.

Os testes de Keirstead em animais foram publicados numa revista científica de referência, mas grande parte da documentação pré-clínica da Geron não foi divulgada; só a empresa e a FDA sabem o que contém. Isso leva a que alguns investigadores se sintam confusos. Qual é o exacto mecanismo da acção? Será que as células conseguem desencadear uma resposta imunológica nos pacientes? Ou gerar certos filamentos que provoquem dor? Será que a Geron devia realizar experiências em outros tipos de animais antes de passar aos seres humanos?

John Gearhart, investigador pioneiro cujo primeiro trabalho com células estaminais foi financiado pela Geron e que é hoje director do Institute for Regenerative Medicine da Universidade da Pensilvânia, preocupa-se constantemente com a questão da segurança. Gearhart pergunta se não haverá um número de células na terapia da Geron que não se comporta como os cientistas querem - que não se diferenciem para o tipo de célula desejada depois de serem injectadas.

A investigação mostrou que essas células podem formar tumores ou interferir com o funcionamento normal, sendo difícil dizer com segurança quantos meses ou anos depois isso poderá acontecer.

Para Larry Goldstein, director do programa de células estaminais na Universidade da Califórnia, San Diego, o ponto-chave é o risco face ao benefício. Embora uma paraplegia não seja nada fácil de suportar, as pessoas adaptam-se e podem ter uma vida gratificante. Mas se o tratamento causar danos? Idealmente Goldstein gostaria que a primeira terapia com células estaminais embrionárias fosse testada numa doença que leva inexoravelmente à morte, como a esclerose lateral amiotrófica (ELA). "Estou nervoso", diz ele. O primeiro ensaio é um "exercício na corda bamba".

O administrador da Geron, Thomas Okarma, diz que compreende a ansiedade. "Ninguém quer aqui outro Jesse Gelsinger", diz ele, referindo-se ao caso do adolescente que morreu num ensaio realizado em 1999 com terapia de genes, outra técnica pioneira. A empresa, diz ele, "fez todos os esforços ao seu alcance para garantir a segurança deste produto". As células oligodendrócitas que vão injectar (cada doente receberá uma injecção de dois milhões de células) são "altamente caracterizados", o que significa que não se encontrou provas de que possam surgir quaisquer imprevistos futuros.

Os testes não encontraram tumores nos roedores no decurso de um ano nem qualquer prova de uma reacção do sistema imunológico. Os pacientes serão cuidadosamente monitorizados através de ressonância magnética nuclear durante o primeiro ano e seguidas durante 15 anos. E os voluntários para o ensaio têm de ter lesões completas "sem nenhuma esperança de recuperação", fazendo que valha a pena correr o risco qualquer que seja o resultado final, diz Okarma.

O lema da Geron é que "as células vivas serão os comprimidos de amanhã", diz ele. E está confiante em que lá chegará. Tão confiante que acredita que as células progenitoras oligodendrócitas podem ser aplicáveis a outros transtornos do sistema nervoso, como a esclerose múltipla, a doença de Alzheimer e os acidentes vasculares cerebrais.

A Geron planeia publicar mais dados pré-clínicos, diz Okarma, mas entretanto deve ser garantido ao público que a empresa fez uma investigação rigorosa. "As empresas morrem quando não são bem sucedidas, quando um produto é prejudicial ou não produz resultados", diz ele. "A última coisa que queremos é errar. O futuro da empresa depende disto." Keirstead, por seu lado, diz que a primeira coisa que pergunta quando as pessoas lhe dizem para "não ter pressa" é: "Conheces alguém que ande numa cadeira de rodas?"

Toda a gente quer ser prudente, mas os investigadores, os clínicos, os pacientes e os biotecnólogos divergem quanto ao grau de risco que estão dispostos a aceitar e sobre o momento de começar. Gearhart diz que a sua atitude conservadora vai contra a de outros neste campo. "Sempre que eu digo 'sejam prudentes', os clínicos meus amigos dizem-me 'vais ter de andar em frente mais cedo ou mais tarde'." É essa a opinião de Gary Steinberg, professor de neurocirurgia em Stanford, sítio potencial para o ensaio da Geron. "Estou muito entusiasmado", diz ele. Steinberg diz que acredita na análise da FDA. Sem os tratamentos eficazes actualmente disponíveis, os pacientes com lesões na espinal-medula pouco têm onde recorrer. "Há um número significativo de necessidades que não são respondidas", diz ele.

A Geron tem de mostrar que o seu produto é seguro - o mais cedo que a empresa pode divulgar dados preliminares é 2010 - antes de poder iniciar oficialmente os testes à sua eficácia. O que funciona nas cobaias pode falhar nos seres humanos. E o tratamento não se destina às mais de 400 mil pessoas que sofrem agora de lesões crónicas da espinal-medula; outros investigadores de terapias estão a prosseguir diversas abordagens celulares que se poderão revelar úteis mais tarde.


Sábado Apr 18, 2009 15:36 / netxplica.com

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