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ADN - Viagem aos meus genes


11.º Ano BIOLOGIA - VI. Crescimento e Renovação Celular

ADN - Viagem aos meus genes
01.03.2009 - PÚBLICO.PT | Ana Gerschenfeld


A ideia de conhecer os segredos do meu ADN fascina-me há anos.
Não tanto para saber da minha predisposição para esta ou aquela
doença, mas pelo que os meus genes me poderiam contar sobre a origem dos meus antepassados longínquos. Recentemente, o preço destas análises genéticas tornou-se suficientemente abordável para ser feito por qualquer pessoa (umas centenas de euros) e propus ao P2 que arcasse com os custos
da minha análise genética, que eu contaria o que me fosse revelado -
o bom e o mau e o assim-assim. Aqui vai. Bem-vindos a mim!

As instruções dizem para cuspir para dentro do tubinho de plástico. São 10h00 numa manhã de Dezembro. Na casa de banho, abro a proveta e começo a cuspir. Não comi nem bebi nada, nem escovei os dentes (mais instruções) na última meia hora. Não me posso enganar, tem de sair bem à primeira.

Ao contrário do que pode parecer, não é fácil encher com três centímetros de cuspo um tubinho com mais de um centímetro de diâmetro, "tentando não fazer bolhas", como também mandam as instruções. Para facilitar o processo, dizem que temos de esfregar a língua na parede interior das bochechas. É o facto de passear a língua na boca que garante que, juntamente com a saliva, caiam dentro da proveta células da mucosa bucal. São essas células que contêm o ADN que vai ser analisado.
Faço-o vezes sem conta, parece-me ter a boca cada vez mais seca, mas é apenas uma impressão: a saliva vai escorrendo e o nível de líquido vai subindo lentamente na proveta, até atingir o traço que marca a quantidade certa a recolher. Não é bem cuspir, é mais babarmo-nos, mas com grande precisão. Olho para o relógio: foram precisos quase 15 minutos para completar a operação.
Fecho o tubinho com uma tampa grande, especial, que ao ser enroscada liberta dentro da saliva uma solução destinada a preservar a amostra. Agito-o muito bem para misturar tudo, retiro a tampa e coloco outra, mais pequena, normal, definitiva. Já está. Ponho a proveta dentro de um envelope acolchoado, endereçado para a Califórnia, que depois vou despachar por correio especial.
Foi no início do mês de Dezembro que encomendei este kit de teste genético no site da empresa 23andme.com. Poucos dias depois já tinha recebido, por correio expresso, uma caixinha verde, com o meu nome e apelido bem visíveis no exterior, em letras garrafais, junto ao número de código que me daria acesso on-line aos meus resultados quando estivessem prontos. Era dentro da caixinha que vinham a proveta, as duas tampas e a lista de instruções.
Genes com nome e apelido
A 23andme é uma das várias empresas que actualmente oferecem a qualquer pessoa a análise do seu ADN individual. É uma das mais conhecidas e é também considerada uma das mais sérias. Igualmente aliciante é o facto de terem baixado drasticamente o preço do teste no final do ano passado. Por apenas 399 dólares, propõem não só uma visita guiada aos nossos cromossomas, à procura dos segredos escondidos no nosso ADN - principalmente doenças (brrrr!) -, mas também a descrição de uma série de traços físicos e psicológicos e até um vislumbre dos nossos antepassados. Pela primeira vez, tornou-se possível obter informações sobre o nosso próprio ADN, um ADN com nome e apelido, não o de um anónimo representante da espécie Homo sapiens sapiens.
Não se trata de ler o nosso genoma na íntegra - isso ainda está fora do alcance monetário da esmagadora maioria - mas apenas uma (pequeníssima) parte dos seis mil milhões de letras que compõem o ADN (metade vinda da nossa mãe e metade do nosso pai, e que se juntam em pares nos nossos cromossomas).
Esta alternativa mais modesta consiste em detectar bocadinhos de apenas uma letra de ADN, chamados SNP (single nucleotide polymorphims, pronunciar snips) onde residem mutações pontuais. Por um lado, quando um snip está situado dentro de um gene, altera o seu funcionamento; por outro, mesmo que esse snip não afecte directamente nenhum gene, o facto de ter sofrido uma mutação pode indiciar que, perto dele, existe alguma mutação - essa sim, relevante para a saúde - num gene ainda não identificado. O snip serve neste caso de marcador, de sinal, e pode permitir detectar mutações importantes. "O SNP serve de baliza de uma forma semelhante à que as pessoas utilizam para descrever localizações", lê-se no site da 23andme. "Podemos não saber onde fica a loja de ferragens do bairro, mas se soubermos que está situada, no máximo, a um quarteirão de distância da farmácia aonde fomos no outro dia, vamos conseguir encontrá-la." Estima-se que existam cerca de 10 milhões de SNP no genoma humano e a 23andme lê actualmente 550 mil desses SNP nas nossas células, sabiamente distribuídos por todos os cromossomas.
O objectivo principal, diz a 23andme, é informar as pessoas acerca dos seus riscos de saúde, porque essa informação - que poderá motivar mudanças de estilo de vida ou até fazer com que fiquemos mais atentos ao aparecimento de determinados sintomas - é uma nova forma de controlo que adquirimos sobre a nossa própria vida.
A minha motivação, porém, é um pouco diferente: a ideia de conhecer o meu ADN, de olhar para as sequências das minhas letras A, T, G, C, fascinava-me há anos. Imaginava que me pudesse revelar coisas fascinantes acerca dos meus antepassados. Nunca me interessei muito pela minha genealogia próxima, mas a genealogia genética, a possibilidade de ficar a conhecer as minhas raízes à escala dos milénios, isso parecia-me valer a pena. Se ainda por cima fosse possível ligar a informação genética a dados históricos sobre os meus antepassados mais próximos, ainda melhor.
Portanto, mal surgiu uma oportunidade de me tornar cobaia destas experiências de "genómica pessoal" (é assim que chamam a esta nova área), não resisti. Considerei, como é óbvio, o risco de vir a descobrir coisas terríveis sobre mim própria, doenças hereditárias, deficiências biológicas contra as quais nada poderia fazer. Seria melhor saber ou não saber quais os meus riscos de ter cancro da mama? Mas a curiosidade acabou por ser mais forte do que os receios. E foi assim que acabei a cuspir para dentro do tubinho.
A hora da verdade
Recebi os resultados quase dois meses mais tarde. Um mail: "Parabéns! Os dados da pessoa cujo nome é referido acima já estão disponíveis no site 23andme". A seguir, os dados para login e um link para o Getting Started Guide...
Digitei o meu user e a minha palavra-chave, disposta a encarar os resultados sem hesitar. Mas devo confessar que me senti um pouco como quando, anos antes, recebera os resultados de um teste ao HIV, por ocasião de um pedido de crédito à habitação: cheia de medo - apesar de pensar que não havia grandes riscos de o veredicto ser mau. E, tal como naquela ocasião, também pedi ao meu marido para ficar ao meu lado e segurar a minha mão...
"Welcome to you" ("Bem-vindo a você próprio") foi a primeira frase que apareceu ao aceder à minha página pessoal. Por baixo, várias secções: "A minha saúde e as minhas características"; uma secção de inquéritos; e outra chamada "semelhança global". Onde estavam os meus resultados? Onde estavam os meus genes? A lista das doenças? A origem dos antepassados?
Tudo parecia, à primeira vista, muito confuso. Comecei pelos meus "dados brutos" - ou seja, as sequências de letras do meu ADN que tinham sido descodificadas, e descobri que a sua leitura era, no mínimo, indigesta. Listas e listas de milhares de números, letras, nomes de genes, links para bases de dados genéticas incompreensíveis, comparações com "sequências de referência" (fossem lá o que fossem) das quais nunca tinha ouvido falar.
Voltei à pagina inicial e, decidida a despachar primeiro a questão das doenças, cliquei no link "A minha saúde e as minhas características". Uma das primeiras coisas que tive de fazer foi escolher visualizar (opt-in) os resultados relativos a um tipo de cancro da mama hereditário. Como estava um pouco nervosa com toda a situação, imaginando o que poderia vir a descobrir de aterradoramente inevitável, fiz quase precipitadamente aquilo que devia, pelo contrário, ter ponderado com mais cuidado: carreguei alegremente na confirmação de que sim, queria ver os resultados. Percorri a nova página até ao fundo e só então percebi do que se tratava.
Acontece que estes resultados dizem respeito a mutações que podem atingir dois genes tristemente célebres, chamados BCRA1 e BCRA2. Estes genes, apesar de serem responsáveis por apenas dois por cento dos cancros da mama, fazem disparar, nas suas portadoras, as hipóteses de desenvolver cancro da mama (e do ovário) para 50 a 80 por cento. Um nível de risco que raia a certeza absoluta. E mais ainda, como pude ler na mesma página, nos judeus asquenazins (entre os quais me incluo), essas mutações são responsáveis por 80 a 90 por cento dos cancros da mama e do ovário hereditários. Mas, felizmente, não sou portadora de nenhuma das três mutações testadas pela 23andme. Só que, a posteriori, tenho suores frios: como é que me teria sentido se o veredicto tivesse sido diferente? Como é que se vive com uma coisas dessas a pairar por cima da nossa cabeça?
Dezenas de doenças
Também descobri que tenho riscos acrescidos (mas não certezas, aqui as coisas são mais suaves) para duas outras doenças: três vezes mais hipóteses (1,4 por cento) do que a média de contrair um dia a doença de Crohn (uma inflamação auto-imune crónica do intestino) e quase duas vezes e meia mais hipóteses (2,3 por cento) de vir a ter diabetes de tipo 1 (causada pela destruição das células produtoras de insulina do pâncreas). A primeira tem uma componente hereditária de 50 a 60 por cento; a segunda, de 72 a 88 por cento. Curiosamente, tanto quanto sei, não tenho uma história familiar destas doenças. Mas terei de ficar alerta a partir de agora - e falar com o meu médico para ver se posso fazer algum tipo de prevenção.
No total, o meu relatório contém 102 itens, entre doenças, mutações graves, atributos físicos e outros. Nalguns casos, a relevância dos SNP analisados está amplamente confirmada, mas o impacto das mutações não é assim tão grande. Noutros, ainda não há consenso sobre a relevância dos respectivos SNP. Uma grande parte das informações que nos dão baseia-se em resultados preliminares. Mas os dados são apresentados na mesma e deixados à nossa apreciação. Há links para os mais recentes artigos científicos sobre cada tema, o que nem sempre é esclarecedor, pois as conclusões são frequentemente contraditórias. Mas está tudo indubitavelmente bem feito.
Rapidamente: tenho um risco mais elevado do que a norma para uma série de cancros, riscos médios para outros e riscos reduzidos para outros ainda. Mas quem não tem? Felizmente, não pareço ser candidata à esclerose em placas, para a qual a propensão genética é bastante decisiva (24 a 86 por cento).
O meu risco é médio para as crises cardíacas (cuja componente hereditária poderá atingir os 57 por cento). Já agora, ter um "risco médio" pode ser bastante incómodo, se esse risco médio for alto... e, no caso do enfarte, ronda os 20 por cento. Pior ainda, no caso da obesidade, onde o meu risco também é médio - esse risco é de... 60 por cento (na população norte-americana, pelo menos). Tudo é relativo, em suma. Mas é claro que o meu risco também é influenciado pelo meu estilo de vida, alimentação, etc. - e que, em abono do lado positivo das coisas, acho que tenho alguma margem de manobra para minimizar os riscos.
Olhos castanhos
Do lado dos traços físicos, fiquei a saber que tenho "provavelmente os olhos castanhos". De facto, são verdes. O meu pai tinha olhos castanhos, mas eu não, disso tenho a certeza. Ora, o verde aparece no relatório apenas como terceira escolha, a seguir ao azul. Quando vi o resultado, pensei: "Se não acertam na cor dos olhos, qual é o grau de confiança do resto?" Mas a realidade, como se lê logo a seguir na mesma página, é que, apesar de ser quase totalmente hereditária, a cor dos olhos é governada por uma catadupa de genes. Ou seja, a genética da cor dos olhos é muito complexa e ainda não se conhece a maioria dos genes envolvidos. Outra surpresa foi descobrir que os meus genes ditam que é provável que não tenha muitas sardas nem sinais. Não pude deixar de rir - tenho imensas sardas e sinais. Mas, no fundo, como a cor da pele e a dos olhos estão ligadas, era lógico que se enganassem aqui também.
Os meus genes e eu concordamos, contudo, nalguns pontos: dizem-me que sou intolerante à lactose (e, de facto, beber leite dá-me náuseas); que sou susceptível às gastroenterites virais (como já constatei...); que a cera dos meus ouvidos é húmida (certo!); e que não coro quando bebo álcool (certo!). Mas também me informam que não deveria gostar do sabor amargo dos brócolos nem do café sem açúcar - mas gosto -; que não sou resistente à malária nem ao HIV (espero nunca ter oportunidade de o confirmar); que tenho músculos de corredor (talvez devesse dedicar-me ao jogging... mas não me dedico). Um último resultado - e aqui confio na genética: não tenho a mutação associada à mucoviscidose (ou fibrose cística, uma grave doença hereditária). A informação é importante para os portadores, porque, mesmo que a pessoa não tenha a doença, pode transmiti-la à sua descendência.
Há também, nesta extensa lista, uma série de atributos do foro cognitivo, tais como "medidas da inteligência" (parece que sou esperta!); memória (parece que tenho boa memória!). Também dizem que aprendo com a experiência. Mas aqui encontramo-nos em terreno muito movediço, como é fácil imaginar.
Raízes genéticas
Como já disse, a minha principal motivação, ao encomendar o kit, era conseguir descobrir alguma coisa acerca dos meus antepassados - ou melhor, das minhas antepassadas, uma vez que, sendo mulher, não herdei o cromossoma Y do meu pai e, por isso, não é possível obter dados inequívocos sobre os meus antepassados paternos a partir do meu ADN. Para isso, seria preciso que o meu irmão, ou um dos seus filhos, fizesse o teste do cromossoma Y, mas isso é outra história.
Para determinar a minha "herança matrilinear", a 23andme analisou o meu "ADN mitocondrial", uma parte do património genético que não se encontra no núcleo das células, como o resto dos genes, mas numas estruturas chamadas mitocôndrias, que são as baterias das células transmitidas, intactas, da mãe para os filhos de ambos os sexos, dentro da "clara" do ovócito. Ao contrário do que acontece com o resto do genoma - onde metade da informação vem do pai através do espermatozóide e a outra metade vem do óvulo da mãe -, as mitocôndrias e o seu lote de genes provêm apenas da mãe.
O ADN mitocondrial, que contém uns 16 mil pares de "letras" (A, T, G, C), foi legado à nossa mãe pela nossa avó materna, a esta última pela nossa bisavó materna e por aí fora. Ao longo das gerações, este bocadinho de ADN vai sofrendo mutações cuja frequência é mais ou menos conhecida. Esta particularidade tem sido usada pelos geneticistas como um "relógio molecular" para recuar no tempo (e no espaço) até à chamada "Eva mitocondrial", a mãe de todos os seres humanos modernos. Graças aos estudos do ADN mitocondrial, é hoje consensual que essa mulher primordial viveu em África há uns 200 mil anos. De cada vez que uma nova mutação surge no ADN mitocondrial de uma mulher, e que essa "mãe fundadora" a transmite aos seus filhos, isso dá, em princípio, origem a uma nova linhagem matrilinear. Mas nem todas perduram: só algumas dessas famílias genéticas - ou "haplogrupos", como dizem os especialistas - sobreviveram até hoje, nos genes dos diversos povos do mundo. E comparando as diferentes linhagens de ADN mitocondrial presentes nas populações actuais, os cientistas recuam no tempo para reconstituir, em grandes traços, a origem no tempo e no espaço dos diferentes haplogrupos e perceber as deslocações humanas ao longo dos milénios.
A 23andme sequencia o ADN mitocondrial na íntegra e, a partir daí, determina o haplogrupo da pessoa - a sua família por via matrilinear. Por vezes, o haplogrupo fornece informações que são sobreponíveis a eventos que aconteceram há apenas um ou dois mil anos.
Desilusão genealógica
O meu haplogrupo, porém, chamado H7, é aparentemente muito raro (o que deve significar, simplesmente, que ainda são poucas as pessoas cujo ADN mitocondrial foi lido e que revelaram pertencer a este grupo). Isso faz com que a origem geográfica e a idade do meu haplogrupo sejam, por enquanto, muito vagas.
Confesso que foi uma desilusão. Tinha imaginado que iria saber como terá vivido, e onde e quando, a longínqua mãe fundadora da qual sou uma descendente directa. Mas isso não aconteceu. Paciência.
Entretanto, nas últimas semanas, já visitei uma série de fóruns de clientes da 23andme, fiz uma série de pesquisas no Google, escrevi mails para aqui e acolá. Descobri que havia maneiras de comparar os meus genes mitocondriais com os de outros, mas ainda não consegui fazê-lo concretamente. Inscrevi-me numa mailing list no Yahoo! de pessoas que também pertencem ao haplogrupo H7, mas algumas das informações que recebi por essa via parecem contradizer outras, que li noutros sítios.
O que sei, por enquanto, é que o H7 é um dos descendentes de um outro haplogrupo, o H, que é hoje o mais comum na Europa e que, segundo explica a 23andme, teve origem no Médio Oriente há uns 35 mil anos. Há 25 mil anos espalhou-se pela Europa. Mas uns milénios mais tarde, no auge da última Era Glaciar, esses homens e mulheres foram obrigados a refugiar-se nas regiões mais amenas do continente - Península Ibérica, Itália, Cáucaso. O que aconteceu a seguir é sugerido por vários estudos - um deles da autoria da equipa de António Amorim, do IPATIMUP: quando o gelo começou a regredir, há uns 15 mil anos, os membros do haplogrupo H terão começado a reocupar a Europa, dando origem, mais tarde e após mais algumas atribulações, a diversos sub-haplogrupos, entre os quais o H7.
Uma sopa de letras?
Uma outra coisa que descobri acerca da "geografia" dos meus genes (e não só dos mitocondriais) é que, embora mais de 99 por cento dos meus cromossomas acusem uma origem europeia, uma porção inferior a 1 por cento tem proveniência asiática. Fiquei cheia de curiosidade quanto à origem geográfica daquela ínfima fracção vinda de outro continente...
Também pude confirmar - graças a uma interessante funcionalidade do site, a "semelhança global" apregoada na página de boas-vindas - que a população cujos cromossomas mais se parecem globalmente com os meus está centrada na Ucrânia. O que não me surpreende, uma vez que foi precisamente da Ucrânia que veio a minha família, tanto materna como paterna.
Poder-se-á objectar que, globalmente, não fiquei a saber muito mais do que já sabia. Afinal de contas, olhando para a história dos meus pais, avós, etc., consigo ter uma ideia bastante apurada das patologias hereditárias que me poderão ameaçar ao longo da vida. Não preciso de um perfil genético para isso. E também não preciso de conhecer os meus genes para saber que o melhor é ter uma vida saudável, activa, etc.. Quanto às minhas origens, permanecem tão obscuras, ou tão claras, como antes. No fundo, os dados que obtive não passam de uma gigantesca sopa de letras.
Mas não é bem assim; a situação não é estática. À medida que surgirem novas informações fidedignas acerca de um ou outro SNP entre os mais de 500 mil analisados, a 23andme actualizará rapidamente o meu perfil para as ter em conta. O serviço que pagamos inclui a actualização da interpretação dos nossos dados à luz das mais recentes investigações. O que posso perguntar-me é o que irei fazer quando eles oferecerem a todos os seus clientes a possibilidade, como já foi anunciado, de saber se estão em risco de ter um dia a doença de Alzheimer. Ainda não sei. O que sei é que, apesar das evidentes limitações desta nova ciência, continuo fascinada com aquilo que imagino que os meus dados genéticos poderão vir a contar-me no futuro. E isso é, só por si, uma aventura cada dia renovada.

Segunda Mar 02, 2009 17:54 / netxplica.com

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