Não podemos fugir da poluição emitida pelos carros

12.º Ano BIOLOGIA - V. Preservar e Recuperar o Meio Ambiente

Estudo apresentado amanhã na Gulbenkian
Ao contrário do tabaco, não podemos fugir da poluição emitida pelos carros
13.01.2009 - PÚBLICO.PT | Nicolau Ferreira


Os locais proibidos ao fumo do tabaco não escapam aos gases lançados pelos veículos, por isso é impossível fugir às partículas que todos os dias são emitidas pelos carros que afluem às cidades. E não são poucas, explica Conceição Alvim Ferraz, coordenadora de um estudo sobre a emissão destes compostos, que vai ser apresentado amanhã na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Por um lado, temos os metais pesados como o cádmio, o níquel, o arsénio, o chumbo. Por outro, temos os compostos orgânicos como o naftaleno, o criseno ou o benzo-alfa-pireno. Apesar de as substãncias serem todas cancerígenas, não existe nenhum valor máximo de concentração permitido na atmosfera, ou seja, sabe-se que faz mal mas não se tem a noção do quanto.

Mas a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) avaliou com este estudo a concentração de substâncias cancerígenas nas partículas respiráveis que provêem das emissões dos automóveis e do fumo do tabaco. “Mesmo em lugares de não fumadores, estão presentes partículas de tráfego”, adiantou ao PÚBLICO, por telefone, Conceição Alvim Ferraz, que é professora no Departamento de Engenharia Química da FEUP.

Durante quatro anos, a equipa comparou a composição e concentração das partículas respiráveis entre locais perto e longe do tráfego e locais de fumadores e não fumadores. As medições foram efectuadas na zona do Pólo Universitário da Asprela, na freguesia de Paranhos, na via pública e em residências de fumadores e não fumadores.

O estudo incidiu em muitas substâncias mas, no geral, os dados mostram que os ambientes com tráfego e os ambientes com fumo vêem aumentar a quantidade de partículas emitidas por carros até 800 por cento e as quantidades de partículas do fumo do tabaco até 3500 por cento.

Embora, em valores absolutos, existam mais partículas em locais de fumo, não se pode desprezar o factor tráfego, já que não existe nenhuma lei que estabeleça um limite máximo para a concentração e estas partículas estão em todo o lado, ao contrário do fumo do tabaco.

“Uma das mensagens que se tem que passar é que é necessário definir esses máximos”, sublinhou a investigadora, explicando que a redução destas emissões é necessária para a defesa da saúde, já que toda a gente se desloca nas artérias e ruas das cidades.

A investigadora refere que a tecnologia dos carros tem progredido muito para estes se tornarem menos poluentes mas que agora se deveria apostar nos transportes públicos e activar o controlo de tráfego na entrada das cidades. “Temos que utilizar mais os transportes colectivos, que tenham uma rede eficiente, digna, onde as pessoas se sintam confortáveis”, explica Conceição Ferraz, que, no momento do telefonema, estava num comboio em direcção a Lisboa.

Portugal não está especialmente atrasado nesta questão — segundo a cientista, nenhum país do mundo adoptou leis para proteger os cidadãos das emissões de tráfego automóvel.

Quarta Jan 14, 2009 0:11 / netxplica.com

• Página 1 de 1